Criança de concreto, por Michele Melo

Criança de concreto

Se confunde com vigas,

paus, pedras, sarjetas.

 

Jogado ao vento,

Com fome em sua barriga,

Companheira do relento.

 

Menino de rua

Perto, longe, invisível,

Vive a realidade crua,

Desprezível

 

De onde veio?

– alguém pergunta.

Por que está aí?

– me questiono.

Como animal solto e sem dono

Vive vagando por ruas,

Becos, nas sombras,

 

É desprezível

É não-criança

É imprestável

Um grito:

É culpa sua!

 

(Ou nossa)

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