Resenha – República Luminosa, por Andrés Barba
Publicado em 2017, este livro do autor espanhol Andrés Barba lhe rendeu o Prêmio Herralde, um dos maiores da língua hispânica. A trama tem como tema central a discussão sobre a inocência da infância, que é questionada a partir do momento em que os acontecimentos de uma pequena cidade fictícia se tornam incontroláveis.
Num relato do passado, um funcionário público não nomeado nos conta os fatos que geraram comoção em San Cristóbal, palco de uma série de crimes protagonizados por crianças misteriosas. Com um idioma próprio, vestidas em andrajos e agindo como uma matilha, as crianças praticam atos de violência que fazem a cidade inteira parar e refletir sobre qual seria a melhor solução para lidar com este problema.
O próprio narrador enfrenta dentro de si algumas questões pessoais, que se relacionam com o que está acontecendo na cidade e o fazem sair em busca de respostas. Em sua narrativa ele inclui outras referências, contendo até mesmo artigos de acadêmicos que teriam estudado o comportamento daquelas crianças após tudo o que aconteceu em San Cristóbal.
A história traz diversos pontos de discussão pertinentes, como o embate entre a civilização e a barbárie, a busca por sentido numa situação caótica e, é claro, todas as questões relacionadas à infância.
“Para as crianças, o mundo é um museu no qual os vigias adultos podem ser amorosos na maior parte do tempo, mas nem por isso deixam de impor as regras: tudo é maciço, tudo existiu desde sempre e veio antes delas.” p. 85
O livro proporciona um ritmo de leitura frenético, e suas poucas páginas permitem que ele seja lido em pouco tempo. Recomendo bastante para quem está procurando uma narrativa surpreendente, repleta de reviravoltas e que renderá boas reflexões.
Resenha por Malu Silva, do blog Janela Literária
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