Homer & Langley
E. L. Doctorow
Quase hipnótica em sua intensidade narrativa. Os irmãos Homer e Langley, excêntricos personagens dos Estados Unidos do século XX, tornaram-se uma espécie de lenda tragicômica de Nova York. Doctorow toma as liberdades da ficção para recontar sua história sob o ponto de vista de Homer, o irmão cego, numa recomposição intimista que nos leva a conhecer os interiores da casa e das mentes de duas vidas famosas por sua estranheza. Tendo perdido os pais ainda jovens, os irmãos Collyer passaram décadas abrigados na mansão da família, localizada na nobre Quinta Avenida de Nova York, e ao longo de décadas isolaram-se cada vez mais do mundo externo. Sozinhos em sua fortaleza, lutavam sua solitária cruzada contra o mundo, cercados pelas toneladas de jornais e objetos velhos que guardavam na residência ― incluindo um automóvel, instalado na sala de jantar. A narrativa começa bela e leve, com um Homer adaptando-se à falta de visão e um Langley retornando da guerra. Aos poucos, porém, a insanidade se infiltra nas vidas dos irmãos, até o ponto em que a circulação na casa torna-se difícil e em que, devendo milhares de dólares em hipoteca e contas de luz e outros serviços públicos, tornam-se famosos na Nova York na época. Doctorow se reserva o direito que só a literatura permite de penetrar na misteriosa residência dos Collyer para, além de imaginar o passar dos anos de duas vidas abandonadas, reviver uma triste mas rica história de excentricidade e solidão.
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